Análise – Conker: Live and Reloaded

4 05 2007

O mais polêmico esquilo do mundo dos video-games é refeito…

Prós?

Os gráficos são fantásticos; a história é única; o humor e a criatividade andam juntos te fazendo rir o tempo todo; a dublagem é muito boa.

Contras?

Já tentou pular muito perto da ponta de uma plataforma? Pois é, você morre; chão “escorregadio”; alguns trechos frustrantes.

Quem vai gostar?

Fãs de jogos de aventura/ação, especialmente do tipo Banjo-Kazooei e Mario 64. Não recomendado para pessoas que só querem jogos de ação com lutas a todo momento, mas recomendado sim para qualquer pessoa com um senso de humor esquisito, negro e que aprecie uma boa história ou paródia.

Conker provavelmente nunca foi seu personagem favorito do mundo dos video-games. Mario, Sonic e outros provavelmente disputavam pelo pódio enquanto o esquilo fofinho aparecia pela primeira vez como um dos personagens (insignificantes) do jogo de corrida Diddy Kong Racing. Foi através de uma re-estruturação (necessária e muito bem feita) pela Rare que o Conker ganhou o seu Bad Fur Day no Nintendo 64. Anos depois [o original foi lançado em 2001] o jogo é re-feito pelo pessoal da Microsoft para que aqueles desafortunados que não puderam jogá-lo nos tempos dos 64 bits, pudessem fazê-lo agora.

Apesar da história, humor e inovações do jogo serem os principais atrativos do miolo do jogo, na superfície os gráficos são o primeiro ponto a favor a surgir. Essa remodelagem era absolutamente necessária; afinal se você não lembra os gráficos do Nintendo 64, faça o favor de conferir algumas imagens. Depois de notar a já esperada diferença, você fica ainda mais impressionado com certos detalhes. O pelo do Conker, por exemplo, no qual você pode identificar os fios separados que saem do corpo, ou o brilho meio fraco da luz da lâmpada que surge sobre a cabeça quando ele tem uma idéia. Você vai ficar impressionado com os detalhes visuais e a sensação que você tem é que quase todo aspecto visual do jogo foi refeito.

A história é o ponto principal, que surge de maneira estranha, que surge logo após você apreciar os gráficos. Não é nenhum romance digno de um prêmio de literatura, mas também não é essa a proposta. Você vai vivenciar algo em torno de 10 a 15 horas de jogo com personagens completamente loucos e situações absurdas. Desde um chefão que canta ópera que nem um personagem da Disney, mas é feito de coco e joga fezes em você até a invasão da fortaleza dos Tediz (ursinhos de pelúcia malvados) em uma cena estilo invasão da praia de Omaha no Dia-D. Uma cena tão repetida em filmes de ação e jogos de tiro, mas aqui como uma paródia cômica. As referências seguem assim, desde ambientações de terror a la Resident Evil e Van Helsing, até Segunda Guerra Mundial, e uma arena para gladiadores, mas na pré-história. Todo tipo de situação será misturada junto com um conteúdo adulto e paródias de filmes (incluindo Matrix) revelando uma experiência nada comum para personagens de jogos e filmes de criancinhas. Quase duas horas de “cutscenes” também estão presentes e por isso é notável o enfoque que o jogo tem no seu roteiro e na experiência cinematográfica. Quem diria que isso tudo surge a partir de uma noite que Conker bebe demais no bar e não acerta o caminho de volta para casa…

O som do jogo é decente. Nada fora do normal (exceto pela quantidade de diálogo dublado) e a musica em si é menos atrativa ainda. Alguns detalhes são únicos como a forma que o esquilinho bufa quando está correndo ou as mais variadas vozes usadas para cada um dos personagens, desde a morte até o grande “coco”. Durante os diálogos, no entanto, foi possível perceber que existe uma pausa entre as falas, fica um pouco estranho você ver uma discussão com uma pausa de 2 segundos entre as falas, mas ainda assim não é suficiente para acabar com a imersão.

Quanto à jogabilidade basta dizer que ela, assim como o som, faz um trabalho decente. Nada fantástico, até porque o jogo provavelmente mantém muito dos seus aspectos do Nintendo 64. Quando você saca uma arma, a câmera automaticamente muda para de trás do Conker e fica desse jeito até você guardar a arma. Acho que essa câmera poderia ter sido reformulada, porque exceto quando você usa uma arma com mira, não é necessário que você tenha uma perspectiva das costas do personagem. Você se sente preso com a câmera e os controles mudam também. Outro detalhe, esse bem irritante, é que às vezes o chão parece escorregadio. Até ai… tudo bem. É um defeito presente em jogos de plataforma desde o Mario no Super Nintendo. Não acho que seja justificável, mas é tolerável. Intolerável, no entanto, é quando você pega velocidade pra correr e aperta o botão de pular exatamente no último segundo de despencar. O que acontece? Você não pula. Não me pergunte o porquê, mas durante toda a minha vida jogando eu esperei até o último segundo para pular. Jogos de plataforma sempre exigiram esse tipo de habilidade e agora o Conker tem um “bug” que você não consegue fazer isso e acaba caindo e morrendo? Isso mesmo, você morre porque geralmente abaixo do penhasco tem lava te esperando ou é tão alto que o esquilo falece quando chega ao chão. Eu percebi essa absurda falha no trecho do tanque durante o jogo, quando você tem que contornar uma metralhadora estacionária gigante. Fora esse (triste) detalhe o jogo se comporta direitinho. Apresenta dificuldades em certos pontos, mas te perdoa facilmente com os auto-saves freqüentes. Ainda assim, não pense que morrer ou falhar em certos pontos do jogo seja um problema; os criadores pensaram nisso e fizeram certas surpresas, como quando você encontra a morte pela primeira vez ou deixa uma criatura parecida com um Jinjo (do Banjo-Kazooei) morrer por causa da sua mochila de dinamite. O jogo apresenta essas surpresas e vale a pena vivê-las.

Quanto à porção multiplayer do jogo, não tenho como avaliar em relação ao Xbox Live, pois não o joguei. Joguei um pouco no modo offline, mas basta dizer que apesar do modo multiplayer não tem nada essencialmente errado com ele, foi uma atrocidade tirar os modos únicos presentes no jogo para o Nintendo 64 para colocar um modo estilo Battlefield com guerras envolvendo as facções dos “ursinhos do mal” e os “esquilos rebeldes”.

Em suma?

Se você nunca jogou o Bad Fur Day do Nintendo 64, vale a pena comprar o Live & Reloaded. Especialmente se você sabe que gosta desse tipo de “aventura” e aprecia as piadas de humor adulto. Se já jogou no Nintendo 64, não vale a pena jogar esse só pelo multiplayer ou os gráficos. Se piadas adultas e temas controversos não são a sua praia… quando você passar a gostar, perceberá o que está perdendo.


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