Originalmente Publicado em EArena Games
Arthur Protasio, nosso mais novo colunista, apresenta a sua coluna e mostra a que veio!
Atualmente, a quantidade de informação a que estamos sujeitos – com todo esse papo de globalização e digitalização – é absurda. Basta olhar para o lado e se deparar com uma manchete de jornal, um anúncio ou as duas coisas repetidas por volta de trinta vezes, mas de maneira diferentes na internet. Não importa em qual site você entra ou o que você acessa; há informação para todo lado. É muito fácil concordar com tudo que nós vemos. É uma quantidade tão grande de afirmações que é perfeitamente normal não ter tempo ou discernimento para avaliar o que nos é oferecido. Assim, nós incorporamos verdades sem avaliar até que ponto concordamos com as mesmas. É justamente isso que eu quero evitar: a aceitação automática de dados.
Mas o que isso tudo tem a ver com essa coluna e, especialmente, com games?
Assim como qualquer mídia em formação, os jogos eletrônicos estão crescendo e tomando voz própria. Scott McCloud, renomado estudioso da mídia das “Histórias em Quadrinhos”, disse que visava não finalizar, mas estimular o debate. Farei o mesmo aqui em relação a jogos. Através de comentários e opiniões fundadas é que atingimos um refinamento e melhor fundamentação. É assim que enxergamos os erros dos nossos discursos ou o porquê eles não são tão convincentes. É assim que destrinchamos a realidade e formamos os “gamers” brasileiros de hoje. Por isso, nada melhor que nomear essa coluna em homenagem ao ícone do debate e da contestação nos jogos. Phoenix Wright diria: Objection!
Gritar “objeção” é fácil como apertar um botão, mas fundamentar o grito é o problema. Como discordar? Como fundamentar a sua objeção? Aliás, discordar de que? Dentre várias áreas de interesse que tangenciam os jogos eletrônicos, há duas que abordarei: Narrativa & Cultura. São duas áreas de grande importância para a cena dos games, tanto no âmbito brasileiro como internacional. Assim sendo, é a respeito desses temas que você provavelmente discordará.
A narrativa – ou o “contar de histórias” – nos jogos têm se tornado cada vez mais importante. Ela nunca deixou de estar presente – no mínimo na sua forma emergente – mas ultimamente têm sido mais valorizada e, ao que tudo indica, é uma forte tendência. Não é só porque sou apaixonado por narrativa, escrevo ou me auto-intitulo \”bardo\”, mas porque há exemplos notáveis de jogos, como Portal, que nunca atingiriam o sucesso que têm se não fosse pelo suor de roteiristas atuando nos bastidores. Se você deixou o mundo de fantasia medieval adulta de The Witcher; as facetas da guerra de Call of Duty 4; o significado do tempo em Braid; a guerra fria se tornando quente em World in Conflict; o desfecho de uma lenda em Metal Gear Solid 4; a crítica social de Grand Theft Auto 4; e o impacto do holocausto nuclear em Fallout 3 passarem em branco, pode ter certeza que a indústria não. Hoje em dia há categorias para premiar os jogos com melhor roteiro e todo um debate sobre o que seria a verdeira “voz” dos games em comparação com outras mídias. Logo, é uma importância que apenas cresce. Queira ou não, muitos jogos perderiam a personalidade se não fosse pela imersão que uma boa narrativa proporciona. É um elemento, que se bem aproveitado, só tem a acrescentar.
Se ainda assim você não se sentiu convencido e acha que game que é game não precisa de história – que eu por sinal até concordo -, provavelmente não tem como discordar do fênomeno cultural que os jogos representam hoje em dia. Certo? Como não? Veja o jornal, temos notícias sobre games que dizem que agora temos novos cursos superiores de desenvolvimento de jogos sendo oferecidos pelo país. Temos dados da Abragames que afirmam que a indústria cresceu 30% do ano passado para esse. Praticamente todo evento de “Anime” do país conta com alguma ligação com jogos eletrônicos. Seja um palco de Rock Band, um Atari com Pong ou um PS2 com um jogo do Naruto. Nossas piadas fazem referências a jogos. O lançamento do Street Fighter 4 traz a sensação de nostalgia e você ficou completamente estupefato quando proibiram o Counter Strike no Brasil. O mapa CS_Rio é um dos mais famosos – e polêmicos – e quer seja ilegal ou não, nós temos o Campeonato Brasileiro com narração do Galvão Bueno para Winning Eleven. Assim como o cinema, a música, as pinturas e os quadrinhos; os games representam a expressão cultural de (mais de) uma geração.
Essa é a finalidade desse espaço. Aqui eu irei expor minhas opiniões – fundamentadas, é claro – sobre Cultura & Narrativa nos Games. Abrirei espaço para discussão e, respeitando o bom senso, incentivo que você faça sua voz ser ouvida. Não tentarei te converter, mas apenas incentivarei a oportunidade para críticas, pois assim como afirmou Alan Watts, apenas espero que você curta o ponto de vista que eu curto.
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