Originalmente publicado no portal EArena Games
Entrevista: Apresentando Arthur Protasio
Por Márcio Filho – Direto do Rio de Janeiro

Little Computer People
Arthur Protasio. Quem está ligado no mercado já ouviu falar do nome dessa figura. Dono de uma escrita literária, cheia de referências – que também pode ser conferida no seu blog -, porém muita fluída e descontraída, Protasio vem despontando no mercado como um dos grandes nomes para o roteiro. Com sua narrativa única e uma cultura que o permite navegar por diversos meios – e levar o leitor junto, em um divertido passeio – Protasio levará você, usuário do EArenaGames a refletir sobre diversas coisas que ocorrem no mundo dos games, trazendo curiosidades e histórias incríveis.
Arthur Protasio é o nosso mais novo colunista e para que vocês possam tomar conta de sua intimidade, entrevistamos o nosso mais novo membro da equipe!
Degustem sem moderação!
Arthur, qual foi seu primeiro contato com os videogames?
Primeiro contato é uma precisão que eu não tenho como oferecer. Jogo desde pequeno, mas não saberia te dizer a partir de que idade. São lampejos de memórias que remontam momentos como usar um Apple com tela de fósforo verde ou ficar assoprando fitas do “Nintendinho” até finalmente conseguir jogar. Seria impossível relembrar o primeiro contato, mas quando eu era bem pequeno, costumava jogar Little Computer People para o Apple II. Era mais um brinquedo que um jogo, você via uma casa lateralmente e nela habitava um homem. Você digitava frases como “Go watch tv” e ele ia lá ver TV ou realizar outras atividades do cotidiano. Eu me divertia bastante com aquela ferramenta e anos depois enxerguei o potencial que ela tinha como um simulador de pessoas e vidas. Acontece que o Will Wright foi mais rápido, mas não tem erro: The Sims continha o legado de Little Computer People.
Cite um game que marcou a sua vida.
Um? Impossível! Vários jogos marcaram minha vida, como por exemplo…
Contra 3 marcou minha infância no que diz respeito à cooperação. Não era a única franquia com opção cooperativa na época – Streets of Rage e Altered Beast vieram antes e também eram ótimos – mas eu e um amigo meu, zerávamos o jogo no mínimo uma vez por semana. Elaborávamos altas estratégias e íamos da primeira a última fase nos divertindo muito. O que não é muito diferente do que faço em Left 4 Dead, por exemplo.
No que diz respeito a RPGs, Planescape Torment e Raveloft: Stone Prophet foram geniais. O primeiro me marcou em função da história e a (grande) quantidade de texto bem escrito, já o segundo me impressionou pela sensação de liberdade. Era em primeira pessoa e a sua aventura começava assim que você era jogado em um deserto. A partir daí, você tinha de se virar. Tal qual em exemplos recentes como Oblivion e Fallout 3.
Mas liberdade não vem somente através de RPGs e eu preciso confessar que sou fã da série GTA. Desde o primeiro – inclusive tenho o CD amarelo que diz “O grande ladrão de carros” – jogo da série passei horas explorando a cidade e me divertindo com as rádios e o caos urbano, assim como tive o prazer de jogar o modo multiplayer “Fugitive” do GTA2. As novas versões de GTA não perderam seu charme, inclusive GTA4 é um dos meus jogos favoritos – pelos detalhes e história -, mas confesso que ao jogar o GTA do DS, sinto aquele gostinho de nostalgia (mesmo que o jogo seja inovador de várias outras formas).
No que diz a estratégia, Dungeon Keeper era genial. Tanto pelo humor, como pela tática envolvida e a possibilidade de explorar o campo de batalha ou o seu calabouço como qualquer uma das suas próprias criaturas. Dungeon Keeper nos lembra Peter Molyneux e Peter Molyneux certamente me lembra Black & White. Também um misto de estratégia com Tamagotchi e sem dúvida uma das melhores forma de estabelecer um vínculo com um personagem virtual. Nada é mais representativo do que a sua criatura do Black & White – no meu caso era uma tartaruga. Depois de horas de dedicação e criação em modo single player, você leva seu “bichinho” para partidas multiplayer e vê se ela aprendeu a tacar fogo em aldeias inimigas e regar plantações das suas aldeias.
Quanto a… Pensando bem, melhor parar por aqui.
Sofreu preconceito em algum momento pelo fato de jogar videogames?
Claro. Não só por jogar como por falar há anos atrás “quero ser criador de jogos”. Alguns já me definiram como “um maluco que vai largar direito para fazer jogos”, embora isso não soe para mim como um insulto. O clássico estereótipo, no entanto, é aquele do nerd anti-social e nada popular (mesmo que você não fosse assim). Nunca fiquei triste porque era um dos últimos a ser escolhido para integrar o time de futebol, mas confesso que é irônico ver hoje em dia o nerds se tornando em geeks e ganhando toda uma conotação positiva em meio a esse cenário digital. Felizmente, o que antes eram para muitos, joguinhos que faziam barulhinhos toscos, hoje em dia são super produções de milhões de dólares com roteiros extensos e equipes gigantescas. É triste se pensarmos que é um interesse que se dá apenas em função do dinheiro, mas pelo menos é reconhecimento para a indústria.
Que fique bem claro – antes de mais nada – o meu interesse por narrativas e literatura. Se tomo gosto pelas histórias em jogos é porque antes vi muitos filmes e li vários livros que me mostraram a verdadeira “arte de contar histórias”. Em conseqüência, eu desenvolvi afinidade pela escrita e desde então escrevo contos, poesias, ensaios e por aí vai. O blog, nada mais é que um espaço para hospedar meu portfólio de obras (literárias ou não) e manifestar minha opinião. Ele não visa lucro nem publicidade. É um endereço que eu posso indicar para pessoas que queiram saber um pouco mais de mim, o que faço e o que penso.
Vagrant Bard é o nome do blog. Significa o Bardo Vagante e representa basicamente o que eu me considero ser. Um dos motivos para me identificar assim é porque busco mesclar diferentes mídias. Dessa forma, assim como os bardos de antigamente, eu me encarrego de transmitir histórias, “lendas” e poemas. No entanto, atualmente, vivemos em tempos digitais e a arte que produzimos nunca fica estagnada em um lugar só. É através dessa lógica de “disseminação da arte” que eu me considero um bardo, produtor de arte, que vaga, pois a minha atuação não se limita a uma atividade específica. Posso atuar em determinado momento escrevendo contos, como poesias, roteiros ou editando um vídeo. O logo do blog, por sua vez, já transmite outra ideia, mas eu prefiro que o leitor absorva informação e tire suas próprias conclusões.
Qual foi o sentimento ao receber o convite para o EArenaGames e o que os leitores podem esperar de sua coluna?
Um convite demonstra interesse e oportunidade, mas eu acredito que opotunidades para disseminar o conhecimento e a cultura não devem ser negadas. É exatamente isso que eu pretendo fazer na coluna. Promover discussões, com base em fatos e opiniões, para que outras pessoas possam concordar ou discordar do que é dito e formar suas próprias. Não acho que seja possível estar absolutamente certo sobre algo e por isso uma boa fundamentação é necessária. Na minha busca para aperfeiçoar a narrativa em sua forma interativa, nos games, eu pretendo colocar esse assunto em pauta, trazendo informações sobre esse nicho pouco explorado. Ao mesmo tempo é inegável que os games representam uma expressão cultural de mais de uma geração. Negar isso seria deixar de lado várias questões que vão além do controle e da tela, por isso, esses temas também serão explorados. Narrativa & Cultura nos games, não tem erro.
Arthur Protasio estreia sua coluna no próximo sábado, dia 21.03, com o nome de “Objection! – Debatendo a narrativa e cultura nos jogos eletrônicos –
Não percam!
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